O Barbeiro de Sevilha (1981)

Numa época em que as óperas são muitas vezes colocadas em contextos diferentes daqueles a que se destinam, uma produção filológica tem os seus méritos, representando tanto uma redescoberta como uma provocação. Este Barbiere di Siviglia, que à primeira vista pode parecer antiquado, restaura, de fato, com perfeição o cenário de um teatro italiano do início do século XIX. Era uma época em que a gloriosa tradição da comédia popular, descendente direta da "commedia dell'arte" do século XVI, estava muito viva, e os cantores entretinham o público com um humor direto e cativante. A direção de Bepi Morassi testemunha a importância desse patrimônio, a partir do improviso de atores oriundos do povo e que precisavam comunicar conceitos da vida social comum, por meio de figurinos coloridos, instrumentos musicais e máscaras modeladas nos arquétipos da época. O humor, que aqui triunfa, faz deste Barbiere di Siviglia uma experiência visual e sonora verdadeiramente divertida.