Mão de obra (2019)

Nada é exatamente o que parece na extraordinária estreia de David Zonana. Da abertura dinâmica ao mapeamento detalhado das complexas inter-relações que regem o canteiro de obras onde o estucador Pacheco trabalha na reforma de uma casa de luxo, este complexo estudo do comportamento humano justapõe altruísmo e oportunismo com consequências inesperadas. David Zonana consegue construir um filme profundamente político sobre práticas de trabalho exploradoras que evita respostas fáceis. Empregando um elenco de artistas em grande parte não profissionais - o cineasta passou vários meses colaborando com pedreiros e estucadores para desenvolver a peça - a força de trabalho se beneficia de um senso real de autenticidade vivida. O resultado ecoa cada vez mais o cinema buñueliano - inquietante, original e extremamente atual - onde a natureza humana é colocada sob o bisturi cinematográfico.