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“Um filme é sempre um evento privado que se torna público, independentemente de ser ficção ou não”. Leos Carax, o enigmático poeta do cinema francês, é um diretor que leva a intensidade visual ao limite com enquadramentos cuidadosos e cortes dramáticos transversais, fazendo com que a câmera se torne um personagem de suas histórias. Nascido em 1960 como Alexandre Oscar Dupont, ele reinventou-se com o nome Leos Carax, um anagrama que simboliza sua propensão à experimentação e à busca de identidade. De Boy Meets Girl (1984) a Bad Blood (1986) e The Lovers of Pont-Neuf (1991), seu trabalho coloca o forasteiro no centro da narrativa, explorando a solidão e o amor por meio de personagens atormentados e obsessivos em constante movimento, interpretados principalmente por Denis Lavant, seu ator recorrente. Seu cinema, um híbrido entre o musical e o visual, desafia as expectativas e explora um amor que beira o impossível, como em Annette (2021), pelo qual Carax ganhou o Prêmio Cannes de Melhor Diretor. Carax, um amante do risco e da narrativa melancólica, redefine os limites do cinema, deixando uma marca emocional que não busca ser compreendida, mas sentida. Ele entende o cinema como um espaço tanto para o espectador quanto para a autoconfissão, onde cada pessoa é diferente a cada filme.