Uma parte de mim sempre quer dizer que sou fã de comédias românticas – afinal, eu gosto de romance e gosto de comédias, então... Exceto que, na verdade, muitas comédias românticas conseguem fracassar nas duas coisas, com piadas que não arrancam risadas e uma química que parece apressada ou então forçada. Por sorte, há um verdadeiro diamante entre as lojas de 1,99, um que por muito tempo não foi apreciado: Abaixo o Amor. Em um mar de filmes básicos e, de certa forma, ruins, é o único que realmente conseguiu trazer humor e romance.
A premissa do enredo é tão antiga quanto o próprio tempo – a guerra dos sexos. A guerra está mais centrada nos dois protagonistas: Renee Zellweger é Barbara Novak, uma novelista cujo novo livro espera dissuadir as mulheres de se apaixonarem, para que elas possam ter sexo “à la carte” como os homens; e Ewan McGregor é Catcher Block, um jornalista que parece gastar mais tempo sendo um playboy “galinha e popular”. Embora seus objetivos para o amor livre ao estilo dos anos 60 possam estar alinhados, suas perspectivas diferem muito, rapidamente fazendo com que se tornem inimigos mortais. Abaixo o Amor não é atípica guerra dos sexos, porém. Em vez de ser um confronto direto, o filme se inspira em seu cenário e mergulha em uma história de espionagem sexy e boba.
Eu diria mais, mas confie em mim, você REALMENTE não quer spoilers desse filme.
Pode parecer impossível fazer um tema tão politicamente carregado como “guerra dos sexos” engraçado de verdade – é o tipo de tópico para o qual é difícil encontrar um equilíbrio humorístico. Mas o que faz esse filme funcionar é que, apesar do seu conflito atemporal e politicamente carregado, não parece defender nenhum dos lados. Nem Barbara Novak, Nem Catcher Block estão certos ou errados – o poder muda constantemente, e é claro que ambos são ridículos. Há alguns momentos afiados, claro, com homens reclamando não das esposas, mas sim das amantes, e Novak sugerindo chocolate como um substituto adequado para o sexo, mas o que importa é que todos são atacados igualmente no final.
Na verdade, são exatamente esses golpes de oportunidades iguais que tornam o filme tão divertido de assistir. Muitos filmes de risada rápida ficam ultrapassados depois de um tempo, é verdade, e mesmo Abaixo o Amor não consegue escapar totalmente desse destino com alguns momentos que parecem um pouco forçados. Mesmo assim, o filme é tão incrivelmente rápido que os momentos menos marcantes desaparecem tão rápido quanto chegam, por isso é fácil perdoar. No final, a maioria das piadas cabem perfeitamente, provocando gargalhadas em vez de simples bufos de reconhecimento. Tudo isso graças à inteligência da escrita e à dedicação total dos atores aos seus personagens ridículos, resultando em atuações exageradas no uso mais elogioso do termo.
A minha parte favorita das piadas, porém, é que, apesar de ser uma comédia sexual, Abaixo o Amor consegue se manter do lado certo da linha entre atrevido e grosseiro. A comédia é sexual, claro, mas é mais sedutora do que desagradável. Uma das minhas cenas favoritas do filme todo é quando Catcher Block e Barbara Novak então em uma ligação e a tela se divide de uma maneira que faz suas palavras e ações parecerem um pouco mais do que são de verdade – se você não tem medo de spoilers e quiser entender o que quero dizer, você pode assistir a cena abaixo:
Dito tudo, Abaixo o Amor é uma comédia romântica icônica cujas críticas medianas não lhe fazem justiça. Eu até diria que muitos escritores modernos poderiam aprender uma coisa ou duas sobre ser socialmente relevante sem se sentirem pesados ou desconfortáveis com isso. Há tantas coisas que eu gostaria de dizer, especialmente sobre um momento que me fez gritar literalmente a primeira vez que eu vi o filme, mas não quero estragar esse momento para você. Então, por favor, assista ao filme e desfrute de sua glória hilária, depois volte e me conte o que achou da grande reviravolta. Eu te prometo, é uma escolha de Dia dos Namorados da qual você não vai se arrepender.
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